terça-feira, 30 de abril de 2013

ROTINA

A gota que escorre pela janela
O chuvisco batendo nela

Em atrito
O trilho e o trem
Fazem uma batida musical

Estou sentada ao contrário
Indo para trás
Rebobinando para meu lar

As gotas dançam
Ao tocarem o chão
Poças d'água
Movimentam na parada

Uma desconhecida
Senta ao meu lado
Somos filhas
Da mesma Mãe 
Terra

A gota que molha
A face da moça
É de chuva
E ela sorri

(Som do trem oscila: aumenta e diminui)

O amor caminha
Dentro de mim

Já não corre
Vai sereno

Como gota de orvalho
Eu chorei por dentro



Joy Mafaro

quarta-feira, 24 de abril de 2013

DESFEZ-SE SIMBIOSE

Os vícios
As vicissitudes
O tempo
As mudanças
As mundanices
As virtudes


O tempo
As mudanças
Depois
Das atitudes

Os sentimentos
Relevados
Assumidos
Revelados

Os corações
Partidos

Partem

Um
Para cada lado


Cada um
Por seu caminho

Não mais atrelado



Joy Mafaro

sexta-feira, 19 de abril de 2013

AMOR INSPIRADOR

Quero inspiração para escrever
Músicas de amor
Poesias de amor

Cartas de amor

Mas que já não inspire a dor
O coração partido
O cotovelo doído

Não quero mais o tipo de amor
Daquele inspira"dor"




Joy Mafaro

terça-feira, 16 de abril de 2013

VOO LIVRE

O vi no chão
Abriu a boca
Sem proferir
Sequer uma palavra


Como se fosse
O último suspiro
E era

Caíra de sua janela
Pós tontura 
Falta de força
Ou não sei que

O peguei em minhas mãos
Sentia seu corpo ainda quente
E dizia em pensamento:
Por favor, não vá embora, viva!

O levaria até a casa onde estava
Mas no caminho
Como sinal de partida
Suas pálpebras perdiam as forças 
E ali de minhas mãos
Partia

Pela primeira vez voou
Sem bater asas

O mundo deixava
Como nunca antes
O céu alcançava
O lindo pássaro azul



Joy Mafaro

segunda-feira, 15 de abril de 2013

SÓ DE PASSAGEM


Eu poderia te pagar
Todas as dívidas

Se me permitisse 
Fazê-lo
De alguma forma


Porém você prefere
Ficar s
ozinho
Trancado

Com seu orgulho
Suas mágoas
Seus vícios

Enquanto o amor
Passa
Pela janela
E você finge
Que não vê


Tchau!!! - você gritou
E o amor sussurrou:
Adeus.




Joy Mafaro

Tudo começou naquele olhar
Que me tirou o ar
Que me tirou a fala
Que me paralisou o corpo

Sem ação
Sem reação
Sem sim
Nem não

E qualquer que fosse o assunto falado
Naquele momento
Era vão

Me prendi
Fixei
Me soltei
Me perdi
Dentro daquele olhar

Que brilhava
Como luz reluzente

Já não fazia sentido estar ali
Vamos embora? - um de nós disse
Eu estava de carona
Um dos dois respondeu: vamos!

Houve um abraço antes ou depois
Não me recordo a ordem
Uma tentativa de beijo
Me intimidei
Virei

Mudado o cenário
Na Avenida Paulista
Num farol vermelho
Acontecera o primeiro beijo
Talvez o segundo 
E outros nos faróis adiante

A partir daí
Faróis e beijos
Fizeram parte do cotidiano
E a parada para dizer
O primeiro "eu te amo"

Acho que faróis vermelhos
Bocas vermelhas
Lábios macios
Um quê de molhado
Olhos apaixonados 
Combinam tão bem

O fluxo
De idas
Vindas
Pedágios
Ônibus
Trens

De lá pra cá
Daqui pra lá

Eis que algo me abateu
Mas o pequeno grande príncipe
Esteve ali
Ao meu lado
Todo o tempo

Me protegeu
Me deu a mão
Me reergueu
Me acolheu
De coração

Me deu f
orça
Deu carinho
Palavra
Ouvido
Colo
Me deu ninho



Amou
Abraçou
Beijou
Suportou

E depois da esperança
Me deixou

Saudosa l
embrança


Joy Mafaro

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A QUE PONTO CHEGAMOS?


Escrevi pela metade e o medo me prendeu distante
O medo de acabar com a ilusão
Que se finda

Que sinto 
E que dói

Talvez seja isso junto a mais alguns destroços
Que fez o desmoronar da montanha abaixo

E o que fiz?
Nada!

Como haver uma reação sem ação?
Fiquei parada, intacta, com medo
Medo maior de me ferir, sem hipocrisias
Porém medo de fazer a coisa errada

Tenho tantos conceitos e princípios dentro de mim
E eles me levam por vertentes que afunilam para um ponto escuro

Cheguei
Aqui estou

Preciso de luz
Me traga luz, por favor!

O que fazer?
Voltar?

Mas se já cheguei tão longe...

Vinda do fundo uma voz ecoou:
Aqui não existe ponto final!





Joy Mafaro

domingo, 7 de abril de 2013

RESPOSTAS SEM PALAVRAS

A gente se perde ou as pessoas se perdem da gente?

O que se perde está presente?

Quem sou eu?

O que estou fazendo aqui dentro desse corpo?

O que vim fazer?

Sem amor não se vai a lugar algum?

O que fazer quando não há amor ao seu redor?

O que fazer quando não há amor dentro de si?

“Viver é aprender a morrer”?

Viver é aprender a matar?

Matar a dor ou matar o amor?

Fui eu assassina de mim mesma, deixando o corpo vivo para me torturar?

Tortura não ter amor, tortura não saber amar.

Mas a vida está aí me dando à chance de aprender.

Que mesmo que doa, hei de vencer!



Joy Mafaro